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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

As fantásticas mulheres de ...E o vento levou

    Pensei e repensei na primeira resenha, de fato e de direito. Tendo, enfim, terminado o longa e põe longa nisso ...E o vento levou, pensei: Por que não? Mas não se engane, não falarei da guerra ou da intencionalidade comercial do filme, nem de Clark Gable que homem! e muito menos farei uma sinopse detalhada - com bônus track de curiosidades. Hoje vou falar de um aspecto que me chamou bastante atenção na película de 1940, adaptada de um romance homônimo: As mulheres, ou melhor, a força das mulheres, de mulheres bem diferentes entre si. E que mulheres!

#amigasErivais

Scarlett O'Hara: Logo de início, deparo-me com uma mocinha - em pleno século XIX - sentada conversando com gêmeos, como se fosse algo muito comum naquela época, não só conversando como manipulando, iludindo e etc. No encontro com o pai, vemos o quão voluntariosa é a miss O'Hara, uma personalidade forte - embora tão nova. O pai, obviamente, a coloca num pedestal pois ela era uma dama, com todas as letras, e como tal prezava sua honra sulista acima de tudo. Honra é o que a rege durante todo o filme, embora surja a constante dúvida se essa honra só existe por hipocrisia (que é assunto para outro texto). Embora case três vezes, muito pouco demonstra sentimentos românticos genuínos - excetuando-se por Ashley e pelo Rhett (apenas no fim do filme). Muito pouco também demonstra arrependimento, apenas um remorso - como diria o próprio terceiro marido - de um prisioneiro que não quer ir à prisão. Altamente proativa, quando posta em situações de conflitos jura que vai se reerguer e se reergue ~cena do punhado de terra e a promessa que nunca mais passará fome~ e ninguém ousa duvidar da capacidade da Senhora Hamilton ou Senhora Kennedy ou, por fim, Senhora Butler. Embora um poço de orgulho, muitas vezes entrelaçado com arrogância, quando Scarlett fraqueja é nos homens ao redor que se apoia - casando-se para salvar suas terras ou para se vingar de outro ou para consolidar mais sua fortuna, as vezes até mesmo só para inflar seu ego (vide festas que ela frequenta e rouba a cena). Miss O'Hara não se preocupa com os boatos, as fofocas, encara de frente - ou melhor - olhar por cima. Sua única fraqueza é o famoso nem tão famoso assim Gabriella então trate de explicar poder inferior, que consiste em se apoderar do poder de outro por meio de sua sensualidade/sexualidade e isso ela faz com frequência. Mas no geral, temos de convir, uma mulher que - em meados de 1860 - com todo a teia do patriarcado armada se impunha dessa forma e NUNCA NUNCA se curvava é, no mínimo, uma criatura memorável. E assim era Katie Scarlett O'Hara, alguém que acreditava que amanhã é outro dia. E é!

#QueenBitch (e com orgulho)

Melanie Hamilton: Uma das personagens mais gratificante que eu já tive o prazer de assistir e olha que eu já assisti filme pra caralho. Melly é que costumamos chamar de Amélia, uma moça bem comportada, quietinha, honrada, etc e etc. Mas com uma ressalva: Tudo que a futura senhora Wilkes faz é por vontade. Ela não é boazinha porque esperam isso dela, ela é porque é. A personalidade de Melanie não é forte, não como costumamos associar a fortaleza ~O'Hara feelings~, é compassiva, doce, misericordiosa e justa. Melanie chega a parolar com uma meretriz, no meio da rua, quando Scarlett torce o nariz para mesma e outra senhora lê se velha caquética e cheia de preconceitos bobos recusa o dinheiro necessário para ajudar no hospital para os feridos de guerra - e em outra ocasião demonstra gratidão, o que emociona a rameira. Melly demonstra coragem, sem perder a sua postura frágil, ela não julga e por isso não tem medo de ser julgada. (mas não pensem que ela é uma bobinha, rasa, a personagem é tão densa quanto qualquer vilã)

99% anjo mas aquele 1% é divinal

Mas chega de lenga-lenga, o prêmio de toda-foderosa vai pra Mammy: Ela não precisa de sua aprovação, mas se ela se afeiçoar, vai cuidar de você além das forças.

Scarlett é protegida de Mammy mas nem por isso não recebe puxões de orelhas da cuidadora

Você pode estar pensando "Okay, que que tem de fantástico na vida dessas mulheres?" , aparentemente nada, mas vamos olhar os detalhes mais de perto:
- A história foi escrita em 1936, por uma mulher
- O roteiro foi adaptado em 1939, por um estúdio predominantemente masculino (MGM)
- A história se passa nas colônias do sul, sinônimo de atraso quando comparado aos ianques nortistas morderninhos, durante o século XIX
São sim mulheres fantásticas, não só as desbravadoras narradas, como as atrizes e - principalmente - a mente criadora por trás de tanto sucesso Margareth Mitchell:

"aqui, de boas, lendo meu best-seller"

ps: O objetivo inicial do texto é falar das protagonistas Scarlett e Melanie, mas não pude deixar de ressaltar as demais.

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